"Sobre Mulheres"

Ser mulher é acreditar sempre. É... Seguir em frente quando todos param! Acariciar e dar colo! Dividir-se em muitas sem deixar de ser uma, a mais importante! A mulher acontece, encanta, muda, nasce, floresce, cuida, cria, sente, beija, escuta, vê, brinca, brinca e brinca com a vida... e vive!



KATHE KOLLWITZ

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Käthe Kollwitz (1867-1945) foi uma artista plástica alemã cuja obra – prolífica fundamentalmente a nível do desenho e da gravura – se constituiu como um eloquente e perturbador retrato da condição humana durante a primeira metade do século XX, e é atualmente considerada uma das maiores desenhadoras e litógrafas de todos os tempos. Nasceu Käthe Schmidt em Königsberg, casando com o médico berlinense Karl Kollwitz em 1891.
A sua extraordinária aptidão para o desenho havia já sido descoberta e estimulada pelo seu pai, que foi responsável por proporcionar-lhe formação privada com diversos artistas até ter ingressado na escola artística para mulheres em Berlim.


Käthe Kollwitz pertence a uma geração de artistas anterior aos expressionistas.
Se tanto, poderá ser associada ao movimento proto-expressionista, fundado no rescaldo da I Guerra Mundial por Otto Dix e George Grosz.
O movimento era caracterizado por um estilo realista combinado com uma perspectiva cínica, socialmente crítica e filosófica profundamente enraizada num sentimento comum anti-guerra.


O cenário de devastação e clima de angústia generalizados, motivados por uma transição entre séculos profundamente marcada por sucessivas guerras e revoluções na Europa, criaram as condições favoráveis à emersão de um sentimento existencialista que levou os artistas plásticos a debruçarem-se largamente sobre o tema primordial de todos os temas da arte: a condição humana.

A obra de Käthe Kollwitz representa um doloroso mergulho num mundo onde as figuras estão marcadas por uma obscuridade opressora, em que predominam as referências à morte, à pobreza, à injustiça social, à dor, à doença.
É discutido que o próximo contato com os pacientes do seu marido constituiu uma exposição ao sofrimento que condicionou a natureza do seu trabalho. Este é de uma rudeza impressionante – acentuada pelo carácter incisivo da própria expressividade a preto e branco do desenho e da gravura – que pode mesmo ser confundida com uma certa pobreza estética.
Mas terá que haver um esforço para ver para além da confusão: os desenhos e gravuras de Kollwitz exprimem de forma densa e intensamente emotiva a visão sobre um mundo destroçado, provoado de caos e desastre, mundo esse simbolicamente ligado ao seu próprio tumulto interior – que se pode comprovar pela quantidade de auto-retratos realizados pela artista..


Corpos encolhidos, contorcidos, de feições endurecidas e determinadas, por vezes diluídos em puras manchas negras que se confundem com as sombras, compõem o retrato de um mundo desordenado pela violência, pela guerra e pelo horror.


O fato de ter perdido um filho na Primeira Guerra Mundial e um neto na Segunda, bem como o fato de ter sobrevivido à morte do marido em 1940, acentuou um profundo declínio para a depressão nos anos que se seguiram. A sua obra revelou uma inflexão claramente para o tema da morte.


Apenas contribuiu para avolumar um sentimento de revolta, declaradamente anti-guerra, que não lhe proporcionou quaisquer simpatias políticas. Com a chegada ao poder do regime nazi, em 1943, a obra de Kollwitz foi considerada ‘degenerada’ e esta foi proibida de expor publicamente e forçada a demitir-se da Academia de Arte de Berlim.
Ainda assim, ao contrário de artistas como Max Beckman ou George Grosz, nunca abandonou a cidade. Morreu a 22 de Abril de 1945, sem ter assistido ao fim da guerra.



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